terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Nos tempos da brilhantina.


Acho que convém dizer o quão interessante minha vida foi até agora, com histórias surreais, com o Seu Madruga aparecendo na minha janela à noite, com as viagens, as histórias de Jericoacoara, enfim... Mas, não sei porquê motivo saudosista, me meti a lembrar exclusivamente de uma das mais interessantes: A Escola Doméstica de Natal.
Sim, eu já morei em Natal e, aos 11 anos, não me lembro por qual motivo, fui pra lá e neguei querer ir para a casa da minha tia-avó e então minha mãe resolveu que realizaria seu sonho de infância através de mim me colocando no colégio interno. Não que a escola toda fosse infernato, pois haviam outras opções, mas foi nessa em que fui colocada. Inclusive, dos 5 aos 6 anos de idade, eu já havia morado em Natal e estudado no mesmo colégio, mas ficara na casa da minha tia-avó.
Pois então, fiquei UMA SEMANA naquela po**a de infernato, comendo o pão que a bailarina amassou, convivendo com um monte de menininhas mimimi, aprendendo que não se deve conversar com as pessoas na mesa ao lado, aprendendo como se portar, se sentar etc. Como eu já disse, não durou uma semana. ENFIM, isso não interessa, porque ontem, ao lembrar dessa escola, me vieram à cabeça as mil e uma histórias que assombravam aquele monte de meninas de vestidinho branco de saia plissada e por isso estou aqui escrevendo. Portanto...
Me lembro que naquela semana em que fiquei dormindo entre aqueles corredores escuros, armários cheios de cupins do século passado e moças de camisola de renda estilo Chiquititas, as histórias que me contaram ficavam rodando na minha cabeça até eu conseguir dormir. Dentre elas, está a única que - daquela época - me recordo agora: Diziam que em uma das camas, em outro quarto, onde jazia em cima da cabeceira da cama o quadro de um homem desconhecido e já falecido, falecera também uma interna, do mesmo mal que o tal fulano - alguma coisa no coração, se não me engano - e, é claro, que ela ainda rondava os corredores do prédio. Mas essa história não é das minhas favoritas.
Na primeira vez em que estudei na Escola Doméstica - aos 6 anos de idade -, ficava na escolinha em tempo integral, ou seja, chegava de manhã pra ficar fazendo atividades educativas e à tarde ia para a sala de aula. Para não acharem que tô lhoca e confundindo as coisas, deixo bem claro que tal escola só passava a ser só para meninas a partir da primeira série primária, ok ? Portanto, dessa época, me lembro com maior carinho de um amiguinho meu que era descendente de coreanos, se não me engano, e fazia judô [ou karatê]. Nos trocávamos todos no mesmo vestuário e ele abria o roupãozinho dele pra eu ver... err... mas isso não vem ao caso. O que interessa é a história que ele contava da bailarina que tinha estudado lá e morrido, e eu acreditava cegamente nessa história, ficava até emocionada. Dizia ele que a tal bailarina era apaixonada por um rapaz e que morreu não sei do quê e que, depois disso, se tornou uma plantinha rasteira [ que realmente existia, foi a partir daí que ele inventou essa lenda] que escolhia alguns pés de algumas pessoas para se enrolar e puxá-las para debaixo da terra e depois disso eu não me lembro. Só sei que eu acreditava tanto nessa história que ficava tão encantada ao ponto de não ter medo e querer ver a tal bailarina vestida de preto [tinha esquecido de citar esse detalhe]. Mas aí um dia ele me confessou que tal história era mentira e meu mundo caiu. Fazer o quê, né...
Outra história MACABRA era que uma das mãos de Jesus Cristo estava pendurada na cerca do bosque que há nos fundos da escola. Talvez isso se dava pelo fato de que, perto da mesma cerca, havia uma cruz com uma imagem do rosto de Jesus. É, isso soa estranho, mas diziam mesmo. Moral da história: um lugar onde habitam só mulheres não precisa ter uma muda idosa que usa bottons gigantescos da Nossa Senhora ou uma cantora de ópera do Cabroró - mas isso já é outra história - para ter lendas macabras.

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