quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Pão nosso de cada dia.

Saiu da festa já era dia. O vizinho ia comentar, o jardineiro da tia que morava na outra rua ia comentar, a amiga da prima da cunhada da sobrinha ia comentar, o vigia da esquina ia comentar e assim por diante. Seu pai nem sonhava que ela havia pulado a janela passada meia-noite.

Então lhe ocorreu a idéia de dobrar a calça jeans e ir comprar pão na padaria; uma sacolinha de panificadora talvez aliviasse a idéia de balada pesada que trazia sua maquiagem preta escorrendo abaixo dos olhos.

- Seu João, me dá 2 reais de pão.
- Pois sim, senhorita. - disse pegando os pães e os entregando numa sacolinha de papel.
- Obrigada. Até mais !

Chegou em casa pela janela, que estava aberta desde a noite anterior, e foi dormir sossegada. Mal sabia que duas horas depois, na padaria, seu João também ia comentar:

- Seu Carlos, não é querendo fazer fuxico não, mas a sua filha veio aqui, mais cedo, com um cheiro de bebida...








- esse texto é dedicado a alguém que vai ler e se identificar, beijos -

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Festival do Rio.


É, começa dia 25 a semana em que a cidade respira cinema.
Ok, exagerei. Quem dera fossemos assim, mas a cada ano o Festival do Rio têm contado com um público maior e têm sido mais abrangente. Com algumas salas na Baixada Fluminense, nas lonas culturais e tal. Bem bacana pra galera que não tem como ou não pode ou não sei o que mais ir pra zona sul ou pro centro.
Os organizadores do Festival ainda não divulgaram a lista com os horários dos filmes e essas coisas, mas a seleção dos filmes, são mais de 350 e a maioria deles inédito por aqui, já foi liberada.
Como grande lançamento brasileiro, vai rolar o longa 'Última Parada 174', que por sinal é quem vai representar o país entre os candidatos ao Oscar.
Entre os mais esperados da galere estão os lançamentos 'Vicky Cristina Barcelona' de Woody Allen, com Scarlett Johansson e Penélope Cruz [foto]. E também 'Youth without youth' com Copolla na direção depois de dez anos de 'férias'.
O cinema nacional, sempre tão esperado no festival, vem com muitas novas. Nessa edição vamos contar com 35 produções tupiniquins entre ficção e documentários.
Com destaque pro longa 'Feliz Natal' e o curta 'Contratempo' com as estréias de Selton Mello e Malu Mader, respectivamente, dirigindo os filmes.
Então isso é quase tudo, galere. O Festival rola até o dia 9 de outubro e mais pro final da semana os horários já devem ser divulgados pro pessoal poder se programar.

Beijos, nos vemos no cinema :*

domingo, 21 de setembro de 2008

Amigas do peito


Não sabia como começar por aqui, estava sem inspiração e sem tempo (ficar horas no msn distraindo pessoas é uma tarefa árdua).
Mas olhando os nomes das colaboradoras do Sacana e Banal lembrei que somos amigas e o modo como nos conhecemos foi uma coisa muito curiosa (desculpa excluir a Carmem, eu não a conheço). Todas são frutos da internet, mais precisamente orkut e pra ser mais especifica ainda, da comunidade dos Los Hermanos.
Muita gente ainda acha estranho fazer amigos dessa forma. Algumas pessoas acham distante, ou superficial, ou perigoso de mais. Eu nunca achei =). Embora eu tenha algumas condutas de segurança - ver 10 fotos, não marcar em locais desertos e saber nome e sobrenome.
Claro que as coisas não funcionam assim, mas se levar em conta de que pais matam seus filhos e o contrário, porque não confiar no seu amiguinho virtual?
Fiz grandes amizades, daquelas que você leva pro resto da vida, sabe? E fiz algumas inimizades também (o que seria de boas histórias sem os arqui-inimigos?).
O importante é jogar fora esses cadeados que nos impedem de conhecer pessoas interessantes e nos fazem acreditar que só aqueles poucos amigos estão bons pro resto da vida.
O mais difícil de tudo isso é que nem todos estão tão perto quanto gostaria que estivesse e não é apenas questão física (né, Danielle?).
Não sei expressar isso sem ser clichê. Mas lá vai:

MENINAS, ADORO VOCÊS.
OBRIGADA POR ME FAZEREM BEM, PELAS RISADAS, OMBROS E ABRIGOS.


(Prometo fazer-me mais presente por aqui. Mas como é perceptível a “inspiração” ainda não veio.) =)

Pra finalizar, Fernando Pessoa:

"Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos"

sábado, 20 de setembro de 2008

Pequeno texto sobre um GRAAANDE assunto.


Ontem, em meio a uma discussão sobre dar tchauzinho e balançar a pelanca do braço e alguns comentários 'preciso emagrecer', eis que surge uma voz, vinda de alguém de bom grado, que ilumina meu dia: você não precisa emagrecer, Manu.

GENTEEE, foi como o som de uma harpa divina ! Sabe o que é você se privar de várias melequinhas de chocolate deliciosas cobertas de raspa de Sonho de Valsa e comer um McLanche Feliz [porque é pequeno] só pra engordar menos ? Pois é, e isso tudo porque eu já quase esmurrei o espelho - que nem é de corpo inteiro ! - trezentas e cinqüenta vezes, o que geralmente ocorre aos finais de semana após uma sessão filme + comida chinesa + chocolate.

Não quero bancar o tipo 'gordinha recalcada que finge ter auto-estima para não parecer fracassada', mas, acreditem, apesar de todas as crises de auto-estima e cenas dignas de Karate Kid com o espelho, eu gosto de ser assim. Ei, você aí: se gosta de osso, que tal aproveitar pra tentar achar a tumba de Nefertite ? Ainda dá uma boa grana, se conseguir.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Sobre mimimis.


É incrível como sutis diferenças nos tornam monstruosamente diferentes dos homens. Não, eu não falo do órgão reprodutor que os acompanha desde os primórdios.
Comecemos pelo... er... começo.

Cabelos. Quem de nós - mulheres e travestis - nunca passou mais de 30 minutos arrumando os cabelos e alisando e escovando e pintando e tal e tal...? Perdeu o dia todo e... "hm... acho que não ficou bom" e faz tudo de novo e refaz e repinta e faz a porra toda mil vezes e se olha no espelho e faz cara de "*-*". "Ah, que gracinha... Acho que ELE vai gostar". Aí, vai toda saltitante e - quando nota - ELE tece algum comentário do tipo: "ah, ficou bom".

É difícil ser mulher!
Faz a unha sempre, cuida da pele, dos cabelos, depilação, roupas...

ELES dizem que é banalidade e que não ligam para isso... Na verdade, nem reparam, mesmo; mas o fato é que o homem prefere a mulher que 'grita' quando vê uma barata, do que aquela que mata a barata (créditos da frase à Manu. Manu, você abriu meus olhos para a verdade).
Por que passamos horas escolhendo a roupa? Mas que diabos! Põe qualquer uma, sai à rua feito louca-varrida, tanto faz... Se preocupe em manter o intelecto saudável e, acima de tudo, aprenda a matar as malditas baratas!

O diferencial está naquele jeito de prender o cabelo, naquele 'bom dia' que só nós sabemos dar, naquele abraço, naquela risada sem graça - ressalva feita à Fabi, que nunca fica sem graça -...

Cara, eu assisto 'Um amor pra recorda
r' e quase corto os pulsos de TANTO chorar todas as vezes que assisto. Juro. Mas que porcaria de filme, né?

Enfim... Existem algumas coisas das quais nós mulheres não conseguimos fugir. É instinto, ou chamem de qualquer coisa... O fato é que ELES reclamam disso e é exatamente isso que os atrai.

E eu só queria dizer isso, mesmo. É, é, eles gostam da mulher que se cuida, que anda toda bonitinha, que fala toda nhé nhé nhé, coisa e tal.

Paradoxo, né?




Dica: Não escrevam "ELES" em maiúsculas, parece coisa de ninfomaníaca. Eu, hein.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Mimimi.


Oi vocês. Hoje, lendo o blog da Lid me revoltei perante à comparação entre amigos e amigas - homem e mulher e cousa e tal; mas o problema é que eu concordo. Se tem alguém que vive repetindo que mulher não sabe escrever, dirigir e nem fazer nada direito, esse alguém sou eu. Porééém... Quem disse que isso me inclui ? É claro que eu não vou me achar incapaz, então tento ao máximo ter um ego meio masculino, mas sem perder o charme. Quando falo 'ego masculino', não quer dizer que eu vá sair por aí coçando o saco, cospindo no chão e engrossando o voz, e sim, me privar de certos charminhos [tipo dizer 'aiiiinnn' quando alguém fala alguma putaria de nível baixo].
Sim, às vezes eu assusto as pessoas, sou grande e não tenho papas na língua... Mas eu acho isso legal, sabe ? Não é porque sou viciada em esmaltes e Melissas que preciso dar ataque de pavão quando encontro minhas amigas [gritinho e mãozinhas mexendo energicamente].
[off]
Sinais de que uma garota vai ser CRICA pra sempre:
1 - Aos 13 anos a menina já está pentelhando a família com a festa de aniversário de 15 anos, que vai ter que ter o Bruno Gagliasso pra dançar valsa e 19 trocas de vestido.
2 - Não perde UMA edição da Capricho e da Atrevida e, quando a foto da capa é de algum artista da Malhação, faz a mãe comprar duas cópias, que uma é pra colar dentro do armário - que, inclusive, já tem a porta coberta de fotos de Dados Dolabellas da vida.
3 - Adota gírias do tipo 'JESUSSS, APAGA A LUUUUZ', usadas por personagens da Malhação.
4 - Encontra as amigas no shopping quase diariamente e promove festas do pijama todos os fins de semana, nas quais assistem filmes da Hilary Duff.
5 - Está 24hrs por dia com um pirulito Pop de cereja ou um chiclete bem barulhento, na boca.
[on]
Mas... quem disse que mulher precisa ser crica pra ser chata e mulher ? O que mais me irrita é que dizem que nós temos que ser charmosas, mexer no cabelo de um jeito sensível e fazer o gênero desprotegida para conquistar os rapazes. Ok, então, vou ali ter síndrome do pânico e já já volto pra arranjar um namorado que ME PROTEJA, tá ? Vou aproveitar e ficar horas na frente do espelho testando um sorrisinho tímido.
O engraçado é que, quando uma mulher é independente - no sentido de fazer o que quer, sem regras e tudo mais -, ela é tida como feminista, vulgar ou lésbica, tanto pelos homens como pelas mulheres, mas... Porra ! A questão não é direitos iguais, e sim, a não-exigência de um comportamento boneca de porcelana, saca ? Por isso, em nome de mim e das minhas amigas, venho pedir aos rapazes que nos deixem falar mais que eles e fazer piadas infames em grupo, ficar até o fim da festa e outros comportamentos não-submissos do tipo.
Fui, malandragem.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Interrompemos nossa programação...


Para comentar sobre a excelente atuação da nossa querida seleção brasileña no jogo de hoje. GZOOZ!

Confesso que não ando confiando na seleção há um tempo. Nem eu, nem nenhum brasileiro em sã consciencia futebolística, claro.
Mas, assim, tem aquela história da esperança ser a última a morrer e tal... Então, depois de domingo eu tive uma breve confiança no Dunga. Em vão, minha confiança durou menos de dois dias.
Com ingressos vendidos a não sei quantos dinheiros, mas parece que muitos, o Engenhão ficou vazio. E a CBF pensou que os ingressos seriam vendidos no dia da abertura da bilheteria. Coitados.
Deitei pra assistir o jogo assim que a novela terminou, e acho que nos 15min. eu já tava cochilando, tal e pans.
A Bolívia perdeu um jogador e NEM ASSIM aqueles lerdos acordaram, gente! Surreal!
O mais legal mesmo, foi ver a torcida gritando 'olé' pra Bolívia e vaiando a [se é que podemos chamar de] seleção.
E olha que as Eliminatórias pra Copa terminam só no ano que vem e eu aqui pensando que estávamos quase fora dela, tamanho o meu interesse pela redonda.

Mas não venha me perguntar o motivo d'eu querer escrever sobre isso, ok!?

Beijosprecisodegrana ;*

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Lá no Morro do Canta Galo.


Três vezes só essa semana que fui ao Iguatemi ver o filme do Zé do Caixão e a fita NÃO TINHA CHEGADO. Entrego os pontos. Resultado: fui assistir "Era uma Vez...", filme o qual relutei tanto pra assistir, por achar que fazia o gênero "Um Príncipe em Minha Vida", só que com o garoto pobre, e não a garota.

Vamos lá: comprei o ingresso, fui passear e a aventura já começa assim que passo pela porta da sala de cinema; é tipo um labirinto, saca ? A entrada é em L e quase escura só pra você entrar no clima do filme [funciona quando é de terror]. A sessão [?] ainda não havia começado, ou seja, ainda estava tocando aquelas músicas medievais que me lembram o Conde Drácula e eu, medrosa que sou, quase pipizei nas calças; pensei logo que ia chegar nas cadeiras e ver o Fantasma [da Ópera] sentado na fileira do meio, com um fecho de luz em sua direção e com a capa cobrindo o rosto, tipo "ar de mistério". Mas não aconteceu isso, gracias. Tinha meia dúzia de idosos e mais um casal jovem, a música celta e a minha vontade mínima de ver aquele filme.

Chega de enrolar. Fato que não ocorreu nenhum incêndio e ninguém morreu antes dos traillers, eu assisti o filme e, acreditem, comecei a me apaixonar a partir da segunda cena. No começo parece tudo muito clichê, não que a história toda não seja, mas algumas cenas fazem a diferença. Só o fato do próprio ator ter nascido numa favela já dá um toque a mais ao personagem, uma realidade maior. Parabéns à garota que fez a Nina, a mocinha da história [preguiça de pesquisar o nome dos atores, sim ?], que além de ter uma beleza particular, fez uma boa atuação de estréia. Quanto aos outros atores, o menininho que fez o papel do protagonista quando criança é digno de ficar horas apertando a bochecha; a amiga da Nina é funkeira safadona da high society = adorei; e os outros não merecem destaque.

Quase contei o final. Quase. Só digo que eu não pude conter a lágrima que desceu na hora dos créditos finais; acreditem: o filme é lindo e pelo menos dessa vez o diretor não fez seus personagens comerem ovo cru.


Beijosmeliguem;

terça-feira, 2 de setembro de 2008


Eu faço parte daquele pequeno grupo de pessoas que tapa os ouvidos entre a grande massa que pula, canta e grita ao ouvir qualquer música do Legião Urbana. O engraçado é que mesmo que a música seja aquela que inspira suicídio já na primeira nota [uuuuuh, quero colooo], a legião de fãs orfãos levanta os bracinhos, fecha os olhos e, suados, começam a cantar cada sílaba, como se os próprios tivessem composto a canção.

Bom, vim aqui para me redimir. Ontem, na aula de literatura, meu adorado professor colocou aquele especial da Globo, "Por Toda a Minha Vida" para assistirmos e, adivinha ? Tiro e queda: era sobre o Renato Russo. A minha primeira reação foi tapar os ouvidos e dizer "EU - ODEIO - LEGIÃO !". Mas, "ok, vamos tentar", resolvi ficar ali mesmo e assistir à trajetória do ídolo 'caradenerd' da geração Coca-cola; fiquei impressionada, confesso. Quem diria que por trás daquela dancinha de bonecão do posto que ele fazia nos shows havia um rapaz tímido ?

O que mais me impressionou foi a força com a qual ele contou à sua mãe sobre sua homossexualidade "mãe, eu gosto de meninos". PORÃN, quem é que tem coragem de fazer isso ? Se nos dias de hoje, onde a passeata gay recebe até mesmo famílias, ainda rola um preconceito, imagine no auge dos anos 80, com toda aquela repressão, apesar da liberdade que os jovens já tinham naquela época.

Renato era um intelectual; um ano numa cadeira de rodas por uma doença no fêmur e o rapaz teve uma overdose de literatura e música, transformando seu quarto em uma oficina de idéias românticas e suicidas e escrevendo suas primeiras músicas geniais que em uma década o transformariam em ícone da música brasileira, rockstar que arrastou multidões e poeta dos jovens incompreendidos [todos da época, diga-se de passagem].

E aí vinha a tal depressão criativa. Numa crise de alguma coisa, ele cortou os pulsos; mas qual poeta nunca teve pensamentos suicídas ? Renato, apesar do ano em que passou na cadeira de rodas e da sua homossexualidade que gerava preconceito, não tinha tantos problemas assim; tinha uma mãe carinhosa, amigos, uma banda e um emprego, mas depressão faz parte do processo criativo, vai entender, né.